A BELA QUE DORME / BELLA ADDORMENTATA.
Direção: Marco Bellocchio (Itália, França, 2013).
O filme toma por base o caso verídico ocorrido na Itália em 2009. Eluana Englaro sofreu um desastre de carro e está em coma há 17 anos, mantida viva por aparelhos e alimentada artificialmente. Os pais de Eluana decidiram desligar os aparelhos que a mantinham em vida vegetativa. Contra essa medida, possibilitada pela legislação italiana vigente, mobilizaram-se grupos católicos conservadores em apoio a um projeto de lei sobre a alimentação parenteral (não natural) de pacientes em ambiente hospitalar, criminalizando atos como os que o pais de Eluana pretendiam praticar, bem como os médicos envolvidos. O ambiente político se radicalizou: de um lado os “defensores da vida”, com cobertura religiosa católica, de outro, os defensores da liberdade individual, contra os que pretendiam ter o “monopólio do sofrimento”. Além dos remanescentes da Democracia Cristã, alinharam-se em defesa da lei em tramitação partidos políticos pragmáticos. Para estes, “não se governa sem o Vaticano”, portanto o parlamento italiano deveria aprovar a lei que a Santa Sé desejava. O protagonista do filme era senador de um desses partidos. Ele se recusava a votar contra a criminalização da recusa a esse tipo de tratamento médico, mas sua filha era uma militante católica contra o desligamento dos aparelhos que mantinham Eluana em vida vegetativa. Um forte conflito moral e político se apresentou ao senador, entre sua consciência e a disciplina partidária.